sexta-feira, 30 de julho de 2010
Último ato
Ao entardecer o corvo se aproxima,
Com a chegada, termina o ciclo de um tormento.
Brisa suave, cheiro mórbido.
Saindo da penumbra,
Deixando as lamúrias,
Esquecendo meus traumas.
Quase num último suspiro.
Um pedido me resta,
A dor de viver,
O sorriso da morte
E meu coração se dilacera.
Aqueles belos olhos
Nunca mais se abrirão.
Aquela bela face,
Nunca mais sentirá o suave toque das mãos.
Nunca mais se ouvirá
A falgaz música da vida,
Apenas o triste canto de Hades.
Daqueles que não gozaram o profano sabor da carne,
Não mais sentirá o frescor da linda flor.
Bruna Thiara Schmitz
Emanuelli
terça-feira, 20 de julho de 2010
Lágrimas no inverno
Não somente eram meus pés,
Que estavam congelando,
Por estarem descalços,
Pisando em branca neve.
Numa noite gélida,
Enquanto todos estão seguros,
Enrolados em cobertores, em frente à lareira.
Eu caminho frustrada, fustigada pela neve.
Empurrada pela fome devastadora
Com os olhos procuro o paraíso
Com as mãos peço um pouco de vida
Mas só vejo portas fechadas
E pelas janelas, famílias felizes.
Hoje meu quarto será,
Um canto qualquer no metrô
Até os caras de uniforme,
Que detêm toda razão
Enxotarem-me feito cachorro sarnento.
Olho pro céu, e faço um único pedido.
E se tem alguém lá em cima,
Por favor, realize-o... Quero voar
Queria ficar, mas não tenho pra aonde ir.
E o vento continua assoprar, sem piedade.
Os olhos congelados,
Dedos endurecidos,
Coração petrificado.
E continua a cair,
As lâminas de chuva congelada.
Hoje não encontrarão meu corpo,
Hoje é dia de almoço em família
Chocolate quente e biscoitos
Hoje as ruas são desertas
Hoje meu pedido foi realizado
Sem nome, sem história.
Adentro a noite
O que não tem vida acaba sem final.
Emanueli