terça-feira, 22 de setembro de 2009

Síndrome de Alice


Suma da minha frente,

Com a solução pros meus problemas,

Com a ampola da sanidade,

E esses remédios para esquecer.

Que eu vivo no mundo cão.

E a cada dia a TV avisa...

Que o inferno é aqui...

Tranque-me novamente num quarto escuro,

Só eu e a minha magoa,

Mas amarre bem a camisa de força.

Que hoje quero soltar meu rancor,

Hoje quem vai gritar, é a minha raiva.

Tire esse sorriso hipócrita da sua cara,

Eu sei que você é mais louco do que eu,

Entope-se de calmante todo dia,

E vive feito ventríloquo por aí.

Seus gestos não são seus.

Essa frase também não é sua.

Você também é prisioneiro,

Estamos paranóicos, loucos, perdidos.

A minha razão é um relógio quebrado

Não sei se posso reparar.

Olho pro espelho, vejo os mesmo olhos,

Mas a carcaça, já mudou.

Então, quem é você?

Lá vem aquele inútil vestido de branco

Aplicar mais uma injeção

Mandar-me pra um mundo colorido

[por algumas horas]

E depois me trazer pra esta prisão

O mundo perdeu todo o discernimento

Perdemos completamente a direção

Enquanto nós estamos aqui trancados,

Quem assina a receia medica, quem comanda,

Aqueles caras de cara amarrada, e terno de linho,

Eles são os verdadeiros dementes...

Mas acredite ou não

Eu sou mais normal do que você

E tire esse sorriso insano da minha frente

Que agora estou passando

Correndo atrás daquele louco coelho branco...


Emanueli

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Narcolepsia


Preso numa gaiola cor de carmim,
Sou um pássaro paranóide
Meu canto é colorido.
Resultado do consumo assíduo,
[da minha ração] de acinético.
Em todas as manhãs, passivas e repentinas,
A vida passa em frente aos meus olhos
“Catatonicamente”...
A janela do meu quarto,
Mostra uma faceta cinza, do que é o mundo.
E a caixa violeta [minha alma],
Produz espasmos fúnebres,
Que espelham o que meus olhos vêem.
Meu canto, agora é mudo.
Minhas mãos tão calmas,
Hoje estão trêmulas, precisam expressar,
Contar o que os anestésicos me fazem
Pois é nesta hora que estou paranóico
Sem eles, sou lúcido,
Pois respiro insanidade, a cada minuto.
E preciso dela para viver.
Essa pobre vida alegórica,
Cheia de conflitos sinestésicos,
Suplica por uma gota de morfina.
A realidade é deveras trágica.
E a caixa violeta gradativamente escurece,
Canto mudo, mãos trêmulas, olhos mareados.
Viro de costas para a janela.
E observo minha gaiola branca
[ou cor de carmim?]
Com cores e formas que só eu vejo...

[to be continued]
Emanueli