segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Tirocínio das vidas


Viver o encanto da ópera,

Entre a luz e a escuridão

Diga-me, o porquê das palavras escritas,

Porque meu corpo estremece ao ouvi-las.

Aquela silhueta que bem conheço,

Traz consigo uma solitária melodia,

Dançada em meio aos véus da tristeza.

O que será aquela parte escura em meu peito?

Porque a lacuna fria me causa tanta dor?

A esmo, continuo a escrever...

As palavras me tornam vivo,

Apesar de o corvo estar na janela.

A mensuração dos meus atos,

O exílio dos meus pensamentos,

Toda a repressão por um fio.

Cabisbaixo, continuo a escrever...

A vista um tanto perturbada,

É difícil continuar...

Entre doces lembranças

E a situação em que me encontro

As mãos estão trêmulas

E o futuro? Ah, sim o futuro,

Incerto, turvo e duvidoso.

”Quem procura atrás de cada mascara
Quem somos nós atrás de nossas próprias mentiras
Somos peças, do grande quebra cabeça.
Somos peões, bispos, torres, em que os deuses.
Jogam para simplesmente passar o tempo...”.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A ponte


Toda a minha crença, morreu.

Toda a utopia, virou fumaça.

Adeus a tudo que acreditei.

Lutar por ideologias,

Pra quê?

Sempre seremos engolidos

Pela máquina devoradora

Que é o sistema...

E ando pelo mesmo caminho,

O caminho de todos os dias,

Num silêncio absoluto,

Tentando manter tudo o que ainda me resta.

Não posso ver em meio à névoa.

Qual é o sentido de tudo isso?

Quando avisto meu passado,

Vejo alguns anos de luz,

Hoje despedaçados, sem expectativa.

Às vezes, vejo o final da ponte,

Mas não sei o que há do outro lado,

Parada no meio do caminho

Não sei se quero prosseguir.


Emanueli

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

De interesse à quem...


A vida é curta, longa, inesperada,

E passamos quase toda ela, nos reprimindo,

Trabalhando, pensando demasiadamente.

E vivemos muito pouco.

Com o mundo neste caos,

Às vezes não olhamos para o lado,

Deixamos de fazer o que realmente gostamos,

Esquecemos dos amigos,

Não os visitamos, nos afastamos...

Culpa do relógio, dos horários, e compromissos da vida.

Culpa dos cifrões que nos perseguem

Para comer paga, para dormir paga, para viver paga...

E se não entramos na dança, dançamos,

E não vivemos, mas será que estamos vivendo???

A cada dia conhecemos pessoas

Umas ficam, outras vão,

E cada uma deixa um pouco de si

E leva um pouquinho de nós

Isso prova que não nos encontramos por acaso.

Então, por mais difícil que possa parecer – VIVA...

O tempo é algo que não volta atrás.

E que um minuto é muito raro,

A vida é algo precioso, único.

E que não podemos rebobina-la para fazer diferente.

Desejo que você não apenas exista, mas que você viva intensamente.


Emanueli

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Último ato


Ao entardecer o corvo se aproxima,
Com a chegada, termina o ciclo de um tormento.
Brisa suave, cheiro mórbido.
Saindo da penumbra,
Deixando as lamúrias,
Esquecendo meus traumas.
Quase num último suspiro.
Um pedido me resta,
A dor de viver,
O sorriso da morte
E meu coração se dilacera.
Aqueles belos olhos
Nunca mais se abrirão.
Aquela bela face,
Nunca mais sentirá o suave toque das mãos.
Nunca mais se ouvirá
A falgaz música da vida,
Apenas o triste canto de Hades.
Daqueles que não gozaram o profano sabor da carne,
Não mais sentirá o frescor da linda flor.

Bruna Thiara Schmitz
Emanuelli

terça-feira, 20 de julho de 2010

Lágrimas no inverno


Não somente eram meus pés,

Que estavam congelando,

Por estarem descalços,

Pisando em branca neve.

Numa noite gélida,

Enquanto todos estão seguros,

Enrolados em cobertores, em frente à lareira.

Eu caminho frustrada, fustigada pela neve.

Empurrada pela fome devastadora

Com os olhos procuro o paraíso

Com as mãos peço um pouco de vida

Mas só vejo portas fechadas

E pelas janelas, famílias felizes.

Hoje meu quarto será,

Um canto qualquer no metrô

Até os caras de uniforme,

Que detêm toda razão

Enxotarem-me feito cachorro sarnento.

Olho pro céu, e faço um único pedido.

E se tem alguém lá em cima,

Por favor, realize-o... Quero voar

Queria ficar, mas não tenho pra aonde ir.

E o vento continua assoprar, sem piedade.

Os olhos congelados,

Dedos endurecidos,

Coração petrificado.

E continua a cair,

As lâminas de chuva congelada.

Hoje não encontrarão meu corpo,

Hoje é dia de almoço em família

Chocolate quente e biscoitos

Hoje as ruas são desertas

Hoje meu pedido foi realizado

Sem nome, sem história.

Adentro a noite

O que não tem vida acaba sem final.


Emanueli

quarta-feira, 23 de junho de 2010

A marcha


De uma ponta a outra

Queimou a cidade terrivelmente.

Fúria em combate imponente.

Já antes do crepúsculo,

Pus os pés no lugar,

Onde as chamas brotavam do teto

E nas flechas utópicas da benevolência,

Repousa o ódio e a ambição pelo poder.

Raios rompem os sete céus,

E as montanhas são altas,

Estamos cercados pelas chamas,

Então os golpeamo com nossas espadas.

Espero carregar seu crânio em minha lança.

A morte não assusta os bravos...

Aguarda-me depois um banco para festa

E beberemos em breve cerveja...

A tempestade uiva selvagem na noite,

Não devemos temer os guerreiros,

Pois não carregamos mais tesouros,

Levamos em nossos ombros

Nosso rei morto,

Nesta noite, ele é sereno.

Porém forte, sem queixa e sem temor,

Alegres nós aguardamos

Ao fim de tudo, campos quentes de girassol...


Emanueli

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Cogumelo de luzes


No silêncio, derradeiros relâmpagos

Tremeluziram no horizonte, num instante

Olhos aflitos de espanto, pasmos, telepáticos

Todas as direções, mas nenhum caminho

Um pedido de socorro, um grito mudo

Tudo que respira, conspira

Lucidez embriagada

Cogumelo de luzes

“Garotinho” da devastação

Prepotência, experiência

Estúpida estratégia militar

Árvore alterada, frutos inexatos

Geração radioativa, paisagem assassina

Nuvem negra, morte causa de morte

Cogumelo de luzes

Nuvem da destruição

Manhã de covardes, mortes instantâneas

Tatuado esta em nossos corpos

A rosa que sangra

No útero das sombras...


Emanueli

sexta-feira, 21 de maio de 2010


A brisa leva teu fulgor
Como vento leva o pólen de uma flor
E chega até mim, brotando a liberdade.
E a esperança de te ver
Um instante, antes de desabrochar,
Antes do outono...
Uma parte de mim é o mundo
Outra não é ninguém
Uma parte é multidão
Outra é solidão
Uma parte sempre está comigo
Outra sempre foge
Uma parte sofre, por não poder falar.
Outra delira no escuro, da sua própria mudez...

Emanueli

terça-feira, 20 de abril de 2010

Grito


Quem determina quem você é?

Quem decide se és inocente?

Somos todos iguais perante a lei.

Será?

Somos cidadãos igualmente respeitados

Ou somos pobres iludidos

Uma falsa verdade.

Uma ilusória igualdade

Marionetes da alegria

Utopicamente vivendo num mundo justo.


Emanueli

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Busca recíproca do invisível


Com bombas nas mãos,

E crueldade nos olhos,

As crianças continuam vindo...

Meu amor, a brisa quente da tarde,

Não acalenta teu pobre coração.

É só a ilustração do apocalíptico,

Tocando a sua pele...

O que faremos com toda esta insanidade

Ou quando estivermos insanos?

Chegamos ao limite,

Onde cegos guiam outros cegos.

Assim chegam mais e mais,

Perto do abismo.

Não, o mundo não é mau.

Apenas os homens ainda não aprenderam a ser bons.

Dizem que também na lama do pântano, que brotam lindas flores.

Enquanto isso, o coração da humanidade sangra.

Encontraremos o paraíso dentro de nós??


Emanueli

sexta-feira, 12 de março de 2010

A caminhada


Fecho olhos no escuro

Abro os olhos, Onde Estou?

Paro na frente do espelho

E vejo que o tempo já passou...

No rosto as marcas da vida

Das alegrias e tristezas vividas

No coração a vontade de voltar

E de tentar recomeçar...

Mas não importa onde paramos,

Mesmo se você cansou

Sempre é possível continuar

A vida ainda não parou...

Olhando pro espelho

O tempo não passa

Essa vida não reconheço,

Estamos todos do avesso

Sempre as minhas manias

Meu destino errante

No meu mundo assombrado

E minha mente alucinante.

E a vida assim se vai,

Escorrendo pelos ralos

E quem sabe algum dia

Estaremos lado a lado


Emanueli.


**Isso ainda vai dar música**

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Impossibilidades?


Eu queria poder ter tido adeus, a minha faísca de sol.

Naquela noite que sorrateiramente te levou.

Queria poder ter tido, o quanto te amava, o quanto era importante pra mim.

Acho que em outros olhos estou dizendo isso.

E muitas outras mil palavras.

Um outro corpo, a mesma essência.

A minha faísca de sol, em meio à tempestade...

É estranho pensar que levei tanto tempo pra entender,

Que a nossa sintonia nunca findou,

Que era preciso andar na escuridão,

Para trilhar na luz sem tropeços.

Espero não ser um sentimento ilusório.

Porque só assim eu entenderia,

Essa dependência, esse amor, as brigas...

Porque sou tão birrenta e mimada,

E porque você ainda me perdoa.

Entenderia porque mesmo sem merecer,

Você volta, bate a porta, entra e canta.

Porque meus olhos ficam mareados de emoção.

Todos acharam impossível, loucura.

Mas quem liga, não é mesmo?

Essa conversa monologa, nem eu mesmo entendo.

Acho que vou adormecer em teus braços.

Como filha, irmã, como o seu primeiro e único amor.

Bons sonhos minha faísca de sol...

Emanueli

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Palpitações


Ao cair daquela tarde silenciosa e monótona,

O céu chorava ininterruptamente.

Observava em seus olhos, uma névoa sombria e melancólica,

E em suas mãos trêmulas uma necessidade.

Podia sentir sua inquietação aflorar em sua pele

Ela queria gritar, mas em vez de som,

O substituiu por letras, as lágrimas em frases,

Sua mente era um turbilhão de palavras,

Escrevia freneticamente, rabiscava impacientemente.

Seu pequeno idílico impetuoso

Era todo amor que ela queria,

Era o amor que precisava,

Uma fagulha de emoção.

Queria poder adormecê-la com uma canção de ninar,

Para não ver em seu rosto,

A dor de não amar.

Espera pequena, a chuva passar,

O brilho e o calor do sol, já vão voltar.

Ela descansa após escrever sua melopéia dramática,

Já expôs sua dor, que serão levadas com as últimas gotas da chuva.

E logo serão apenas mais algumas reminiscências...



Emanueli

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

“A VOZ DOS SEM VOZ”




Múmia Abu-Jamal é o pseudónimo de Wesley Cook (24/04/1954). Tem hoje 54 anos e há 28 que reclama a sua inocência e tem mantido o seu caso vivo através de publicação de livros e da participação em programas de rádio.

A história de Mumia Abu-Jamal começa em 09 de dezembro de 1981, quando, durante um tumulto em que seu irmão foi espancado, um policial morre baleado. Mumia foi preso, acusado pelo assassinato. Em junho de 1982, depois de um processo cheio de irregularidades, ele teve sua sentença de morte decretada pela Suprema Corte da Pensilvânia, sendo transferido para o corredor da morte.

Antes de ser condenado, Abu-Jamal fazia reportagens sobre desenvolvimento comunitário e cultura numa rádio de Filadélfia e era presidente da Associação de Jornalistas Negros da mesma cidade. Os seus artigos foram publicados em "The Nation" e "Yale Law Review". Fez parte dos Panteras Negras e do movimento radical Move.

De sua cela, que tem 2 x 3 metros e onde passa 22 horas do dia, Mumia relata todo seu esforço para a reavaliação do caso, além de mostrar a realidade dos guetos norte-americanos e daquele local onde a injustiça institucionalizada perde seu pudor: as prisões. Enquanto isso, permanece preso. Em Ao Vivo do Corredor da Morte, (livro que ainda vou ler na integra), Mumia demonstra que, mesmo nas condições terríveis em que se encontra, ainda pode desafiar aqueles que desejam silenciá-lo.

Links para aprofundar a leitura.

http://www.publico.clix.pt/Sociedade/supremo-tribunal-dos-eua-recusa-pedido-de-mumia-abu-jamal-para-novo-julgamento_1372966

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mumia_Abu-Jamal

http://www.juventuderevolucao.org/index.php?option=com_content&task=view&id=525

http://obviousmag.org/archives/2007/06/libertem_mumia.html

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Pássaro azul


Acaso esse momento seja único,

Ou ele nunca existiu?

Talvez ele nunca se repita,

Talvez porque se vangloria deveras,

Com seu poder, beleza, inteligência...

Ou porque esconda seu medo.

Seus desejos, sonhos, sua tristeza,

Porque nunca houve alguém que lhe escutasse.

Nossa existência é esse instante agora,

Esqueça o passado, não há futuro

Somente esse momento, o agora...

Talvez se amarmos mais, viveríamos mais,

Viver intensamente cada minuto...

Esse instante de loucura, de embriaguez...

Pode ser passageiro,

Mas o que sentimos agora,

Será eterno...

... ou talvez não...?!


Emanueli

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

2.000 anos de guerra.


Após a cortina se abrir,

Atenta para os destroços que sobrou

Conseqüência de toda ambição

Efeito de sempre querer além.

O que sobra são as dores,

Os cartuchos de bala no chão,

Casas queimadas, cidades em chamas,

Pedaços de um corpo,

Que outrora foi uma menina.

Ela aprendeu cedo demais,

O lado áspero da vida,

O rito de passagem.

Que a cada dia,

Surge prematuramente

Porém somos apáticos,

Quando o som do coração parando

É o da pessoa ao lado.

Vivemos aprisionados,

Dentro de nós mesmos...

Ah, Thomas More,

E a sua quimérica visão do mundo

Não há lugar para ela aqui

Até a esperança, já fez as malas.

Aproximadamente nonsense

O que é ideal, é inalcançável...

A cada manhã,

Apareceram novos cadáveres

Cada vez, mais jovens,

Cada vez, mais inocentes,

E no final do dia

Estaremos lavando nossas mãos

Que estão sempre sujas de sangue

Emanueli